59% dos brasileiros não poupam para a aposentadoria

As dificuldades no orçamento familiar são apontadas pelos brasileiros como a principal causa para que eles não invistam para a aposentadoria. Hoje, 59% dos brasileiros não têm qualquer tipo de investimento voltado para quando deixarem de trabalhar. O dado, divulgado nesta semana, é de uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), feita em parceria com o Banco Central do Brasil. Para quem quer fazer parte da parcela da população (41%) que se planeja financeiramente pensando na aposentadoria, a dica é começar a investir o mais cedo possível para que o peso no orçamento não seja tão grande.

Segundo a pesquisa, a Previdência Privada está entre as principais opções de quem poupa para a aposentadoria (20%), atrás apenas das aplicações financeiras (42%). Simulações feitas pela Conceito Investimentos mostram que, se um trabalhador planeja se aposentar aos 65 anos com uma renda mensal de R$ 5 mil e começa a investir aos 20 anos, ele precisará destinar R$ 541,53 por mês à Previdência Privada, totalizando 45 anos de contribuição. Quanto menor o tempo de contribuição, maior o peso no orçamento. Se esse tempo cair para 25 anos, por exemplo, o trabalhador precisará aplicar R$ 1.873,86 por mês para obter uma renda vitalícia de R$ 5 mil quando atingir 65 anos. Já se esse tempo de contribuição for de apenas 10 anos, o trabalhador terá que desembolsar R$ 7.120,39 por mês para a Previdência Privada. 

De acordo com o sócio da Conceito Investimentos,  Thomaz Bianchi, os debates sobre a Reforma da Previdência têm contribuído para que mais pessoas busquem alternativas para a aposentadoria. "As pessoas estão mais preocupadas em se planejar para o futuro. Desde o início dos debates sobre a reforma da Previdência Social no Brasil, tem crescido muito a procura por planos de Previdência Privada”, destaca.

Assessoria personalizada

Para quem quer começar a investir para ter uma aposentadoria tranquila, a dica é procurar assessorias especializadas que vão indicar o melhor plano e tirar todas as dúvidas do contribuinte. “A gente indica ter uma orientação profissional. Existem hoje o que o mercado os planejadores financeiros. Eles entendem todos os detalhes da sua vida: quanto você ganha, quanto você gasta, quais são seus objetivos de curto, médio e longo prazo e com quanto você quer se aposentar. A partir daí, eles vão fazer um planejamento e indicar quanto você deve contribuir mensalmente para que você tenha aquela renda, aquele valor acumulado, quando você sair da parte de acumulação para entrar na parte do benefício”, explica o sócio da V8 Capital, Filipe Albuquerque.

Cultura de poupar

Embora a cultura de poupar para a aposentadoria venha crescendo no Brasil, ela ainda atinge uma parcela pequena dos trabalhadores. Conforme uma pesquisa divulgada pelo Banco Mundial em 2018, o número de brasileiros que poupam para a velhice subiu de 4%, em 2014, para 11%, em 2017. Mesmo assim, o resultado é o 101º pior entre os 144 países pesquisados.

A preocupação com as finanças após a aposentadoria, contudo, não é uma exclusividade dos brasileiros, mas um fenômeno global, atingindo até mesmo os trabalhadores de países com fortes sistemas de seguridade social. Segundo pesquisa recente do banco holandês ING com 15 mil pessoas, sobretudo da Europa e dos EUA, 60% dos entrevistados temem a penúria após a aposentadoria. Além disso, metade dos europeus e quase dois terços dos americanos acreditam que vão precisar continuar trabalhando após a aposentadoria.

“As dificuldades com a Previdência são um problema mundial, não brasileiro, e refletem um cenário positivo, que é o do aumento da expectativa de vida. Então, hoje a sobrevida dos aposentados é muito maior e mudou a equação da Previdência, tornando-a muito mais cara, algo que não se imaginava logo do pós-guerra, quando esses modelos de bem-estar social foram criados”, avalia Ênio Arêa Leão, sócio da Conceito Investimentos.